A primeira grande produção de espetáculo de dança local foi inspirado no conto Sherazade e teve como protagonista a bailarina Salma Chemale. Foi dirigido por Mina Black e Nenê Dreher, as idealizadoras do Instituto de Cultura Física, primeiro espaço formal de ensino de dança da cidade.
A princesa Moura foi apresentada no dia 22 de novembro, no Pavilhão de Exposições, que ficava no arrabalde do Menino Deus. O espetáculo foi inspirado nas Mil e Uma Noites e teve cenografia do carioca Jaime Silva. Salma Chemale dançou no elenco do I Ato e Tony Seitz foi intérprete de Um acrobata, dançando também o III Ato do espetáculo, ao lado de Erna Ertel e Asta Heckmann.
O espetáculo teve sua terceira apresentação ao público em 27 de novembro de 1930 no Theatro São Pedro.
Segundo Antônio Corte Real na sua obra Subsídios para a história da música no Rio grande do Sul (1984): " historicamente nos parece legítimo afirmar que a apresentação pública do bailado a princesa Moura demarca o ponto de partida, no Estado do Rio grande do Sul, da prática do bailado culto, vulgarmente designado clássico ou, por vezes, romântico, mesmo reconhecendo a limitação técnica e artística que lhe serviu de ponto de apoio."
No jornal correio do povo do dia 28 de novembro na coluna Notas de Arte foi assim publicado na época:
"A terceira representação do admirável que a inteligência da senhora Dreher Brecht nos proporcionou tive o sabor de uma estreia. No São Pedro, com o ambiente elegante e íntimo do teatro, com o contato entre o público e as intérpretes, a representação coreográfica mostrou-se em todo o seu esplendor. Poucas vezes Porto Alegre assistiu um espetáculo tão equilibrado como o de ontem. Desde o prólogo, muito bem apresentado pela senhora Idalina Bernardi, uma de nossas melhores declamadoras, até o cortejo final, houve a mesma harmonia e o mesmo senso perfeito de estética.
A diretora do Instituto de Cultura Física concebeu muito bem o poema coreográfico. Procurando nos mínimos detalhes evitar detalhes inúteis de virtuzismo o de mero efeito de curativo apresenta, dentro das possibilidades das alunas, uma realização de plástica pura, de arte verdadeira. Nos bailados do primeiro e terceiro atos, por exemplo, ou na admirável teoria das figuras que desenharam um verdadeiro friso clássico. No segundo quadro do segundo ato, o baile de ontem teve aspectos magistrais e tudo isso realçado pelo cenários tão inteligentemente compostos.
Um espetáculo perfeito o de ontem, que vem colaborando eficazmente pela difusão da cultura artística em nosso meio. A noite de ontem valeu por uma demonstração, que foi cabal. O entusiasmo do público que encheu completamente o São Pedro atingiu a vibração que temos visto raras vezes"