Denise Brose, 68 anos, PCD, bióloga, pós graduada em Educação Ambiental e Educação à Distancia. Participei Diversos Corpos Dançantes, DCD, na UFRGS; Cidade Bambu ,UFRGS; Coletivo Semente; Multiplos Coletivode Dança Inclusiva; Filme, "O AVESSO DO TEMPO, direção Marcelo Cabrera; Grupo Experimental de Dança de Porto Alegre 2020 E 2021; Oficina de Crítica Expandida de Dança, 2024; 2020 Mostra Dança de Verão, Renascença; 2019 1°e 2° Mostra de Dança Inclusiva; Mix Dance, UFRGS; Sarau das Artes,Museu Porto Alegre; Dia da Cultura, UFRGS; 2023, Bienal das Artes, UFRGS; Porto Alegre em Cena Dança 2023 e 2024 com o eixo Ocupação Carla Vendramin (in memori), no GOETH e Centro Cultural da UFRGS. Prêmio Açorianos finalista em 2023 e Prêmio Açorianos 2024, destaque em Dança; Dança Alegre Alegrete 2024 com o espetáculo" Dança e Garra e Amor Gaúcho. Acredito na diversidade e na arte como transformação permitindo mergulhar no universo do senível.
A GEDA Cia de Dança Contemporânea, marcando a sua quarta década de existência, com o espetáculo "Surto - Um Fauno Suspenso" faz uma imersão na vida do bailarino, Vaslav Nijinski. A obra mergulha no seu conturbado e frágil estado de problemas psíquicos, juntando dança - circo e teatro contemporâneo em um só espetáculo. Uma montagem interpretada pela artista circense e bailarina Consuelo Vallandro, sob direção Maria Waleska Van Helden.
Assisti o espetáculo na condição de artista cadeirante com paralisia boa membros inferiores e isso me fez traçar de partida um paralelo com a cena. Os bailarinos com necessidades especiais apostam na sua gestualidade fora dos padrões para poder colocar em cena sua linguagem. Eles sublimam suas necessidades, em um desafio constante destes padrões. Nijinski, como nós "PCDs" também, com todos seus conflitos fez da cena sua arena de batalha.
Assim a interprete, Consuelo, conseguiu compactar em cena, se desafiando com seus aéreos, na gestualidade e na sua dramaticidade corporal. Consuelo Vallandro interpretou com densidade a genialidade e loucura deste personagem mítico da arte num hibridismo de interpretação. Impossível desviar a atenção do palco, tal qual Nijinski o fazia em suas apresentações. Em algumas cenas chocam o espectador de tanta realidade. A soma do figurino, sonorização e iluminação do palco do Teatro do Centro Cultural da Santa Casa acrescentou nuances para dar vida ao personagem interpretado por Consuelo Vallandro.
O espetáculo penetrou na pessoa Nijinsky e seu estado mental, silenciado. Vaslav Nijinski era ousado e original. A desordem de seus pensamentos o afastou dos palcos. A única consideração é que um espetáculo tão arrojado, não necessitava a parte do intervalo, com a presença do profissional da saúde explicando a condição de Nijinsky. O importante é nós deixar ir adentrando o universo interior de Nijinsky, por meio da sua dança. Como ele mesmo disse: "Dançarei apenas porque isso me possibilita expressar minha personalidade. Quero ser uma personalidade para cumprir minha missão. Minha missão é a missão de Deus. Minha loucura é meu amor pela humanidade. Não quero a morte dos sentidos. Sou aquele que morre quando não é amado". (Vaslav Nijinsky).
Teatro com acessibilidade parcial para cadeirante, espectador.